Gustavo Santaolalla defende história de The Last of Us Part II por ser algo baseado na vida real e que falta “compreensão mais ampla”

Elogiar muitas e muitas vezes a trilha sonora de The Last of Us nunca será o suficiente para explicar o que ela representa. As músicas deixam a jogatina mais imersiva e significativa. Elas também são bastante ouvidas fora do game. No Spotify, por exemplo, são as faixas mais ouvidas do perfil de Gustavo Santaolalla na plataforma de streaming.

Em entrevista ao hobbyconsolas em Barcelona durante sua turnê na Espanha, o músico e compositor, criador da trilha sonora da primeira e segunda parte da jornada de Joel e Ellie, falou sobre o processo criativo e do que ela significa em sua carreira e para os fãs.

“Estou muito feliz com o resultado e o que mais gosto é ver a ligação que tem com as pessoas que se relacionam tão apaixonadamente com a música” disse, “Mas há algo em particular que aconteceu com a música de The Last of Us e que atribuo não só à música em si, mas também ao meio pelo qual a música chega ao espectador. Os fãs se relacionam com a música de The Last of Us de uma forma muito particular e apaixonada, e não experimentei isso com nenhum outro público.”

Santaolalla falou o que difere seu trabalho na obra de outros que fez. “Tenho fãs há anos, mas nenhum é tão apaixonado ou tão profundamente conectado à minha música quanto os fãs de The Last of Us. Não vivo isso com outras pessoas .”

Em The Last of Us Part II ele teve que trabalhar em outro tom, outras emoções, mas o resultado não poderia ser diferente. “O que eu sei é que as histórias eram diferentes e eu senti a necessidade de adicionar novos timbres. Eu também senti por outro lado que havia sido criado um ambiente relacionado ao contexto pós-apocalíptico, a doença, os clickers, os personagens de alguma forma que eu tive que manter .”

“Mas surgiram elementos diferentes e o caráter da história era diferente, por isso senti a necessidade de continuar o que havia começado no primeiro jogo”.

Sobre a história da Parte 2 que dividiu os jogadores, Gustavo foi enfático. “Infelizmente, como em tudo e principalmente quando é uma coisa tão popular, você tem todo tipo de público. E tem gente que tem uma compreensão mais ampla da vida e tem gente que vê a vida mais como uma história em quadrinhos” explica. “‘Mas você matou meu personagem nos primeiros 10 minutos!’ Mas veja bem, não acontece assim, acontece justamente porque é uma história de vida e o que a torna real é isso também, porque a vida é imprevisível. Então você pode morrer nos primeiros 10 minutos.”

Abby

“E é tão imprevisível quanto o gênio de em um ponto mudar e se colocar no lugar de outra pessoa. Depois de jogar um jogo, quase dois, você investiu seu tempo e seu coração em um personagem e você tem um arqui-inimigo, de repente em um certo momento eles mudam você e agora você está sendo essa pessoa.”

“E isso produz um conflito, tem gente que não banca, porque isso de alguma forma pressupõe uma ampliação da sua pessoa como ser humano para poder entender e se colocar justamente no lugar do outro.”

“Vemos isso na vida o tempo todo; as pessoas não podem fazer isso e o preço que se paga por esse mal-entendido e por essa falta de empatia, que muitas pessoas têm pelo outro. A situação é mais complexa, mas claro que era pra ser polêmico… porque tem gente que é meio quadrada. Mas eu acho maravilhoso.”

Gustavo Santaolalla venceu dois Oscars, um em 2006 por Babel: Melhor trilha sonora original e em 2005 por O Segredo de Brokeback Mountain: Melhor trilha sonora original. De acordo com fã, músico recentemente disse que está trabalhando nesse momento na trilha da ´serie da HBO e que ela pode estrear ainda esse ano. Anteriormente Santaolalla revelou que recusou fazer trilhas sonoras para outros jogos porque não encontrou nada igual a The Last of Us.