A adaptação televisiva de The Last of Us pela HBO seguirá um caminho diferente do jogo ao apresentar a história de Abby. No game The Last of Us Part II, lançado em 2020 pela Naughty Dog, a personagem só tem sua história explorada na segunda metade da narrativa, quando o jogador assume seu controle. No entanto, a série decidiu introduzir seu passado mais cedo, conforme explicado por Neil Druckmann, co-criador da produção, durante uma coletiva de imprensa.
Mudança necessária para a TV
Druckmann destacou que a decisão foi tomada por dois motivos principais. O primeiro está relacionado à forma como o jogo cria empatia pelo ponto de vista de Abby:
“No jogo… você joga como Abby, então imediatamente forma uma conexão empática com ela porque está sobrevivendo como ela, correndo pela neve, lutando contra infectados, e podemos reter certas informações e fazer disso um mistério a ser revelado mais tarde na história. Não podíamos fazer isso na série porque você não está jogando como ela. Então precisávamos de outras ferramentas, e esse contexto nos deu esse atalho.”
A segunda razão está ligada ao tempo de espera para essa revelação na estrutura do jogo.
“Se fôssemos manter uma linha do tempo muito semelhante, os espectadores teriam que esperar muito, muito tempo para obter esse contexto,” explicou Druckmann. “Provavelmente isso seria revelado antes, entre as temporadas, e não queríamos isso. Então, por essas razões, parecia apropriado antecipar e fornecer esse contexto logo de início.”
Com essa abordagem, a série busca garantir que o público compreenda melhor Abby desde o princípio, evitando o choque repentino que acontece no jogo e evitando spoilers entre temporadas.
Adaptações na construção da personagem
Além da mudança na estrutura narrativa, a série também trará diferenças na caracterização de Abby. No jogo, a personagem, interpretada por Laura Bailey, possui uma aparência mais musculosa, algo que não será replicado da mesma forma na adaptação. Segundo Druckmann, isso se deve à diferença na abordagem da ação na série:
“Precisávamos que Ellie parecesse menor e mais ágil, enquanto Abby deveria jogar mais como Joel, sendo quase uma força bruta na forma como lida fisicamente com certas coisas. Isso não tem um papel tão grande nesta versão da história porque não há tanta ação violenta a todo momento. A prioridade é diferente, focando mais no drama. Não estou dizendo que não há ação aqui, só que a abordagem é outra.”
Craig Mazin, co-criador da série, acrescentou que essa mudança oferece uma nova oportunidade de explorar Abby de maneira diferente:
“Acredito pessoalmente que há uma oportunidade incrível aqui para explorar alguém que talvez seja fisicamente mais vulnerável do que a Abby do jogo, mas cujo espírito é mais forte. E então a questão é: ‘De onde vem essa natureza formidável e como ela se manifesta?’ Isso será explorado agora e mais adiante.”
Elenco e expectativas para a segunda temporada
Abby será interpretada por Kaitlyn Dever, juntando-se ao elenco que inclui Danny Ramirez (Manny), Tati Gabrielle (Nora), Ariela Barer (Mel) e Spencer Lord (Owen). O núcleo principal da primeira temporada retorna com Pedro Pascal (Joel), Bella Ramsey (Ellie), Gabriel Luna (Tommy) e Rutina Wesley (Maria).
Outros nomes confirmados são Isabela Merced como Dina, Young Mazino como Jesse, Jeffrey Wright reprisando o papel de Isaac, além de Catherine O’Hara, Joe Pantoliano, Robert John Burke, Noah Lamanna, Alanna Ubach, Ben Ahlers e Hettienne Park em novos personagens.
Com a decisão de apresentar o passado de Abby mais cedo, a adaptação da HBO se distancia um pouco da estrutura do jogo, mas mantém o compromisso de aprofundar os personagens e explorar suas motivações de maneira envolvente. A segunda temporada promete trazer novos conflitos e expandir ainda mais a complexidade da narrativa de The Last of Us.



