A segunda temporada de The Last of Us promete ser um divisor de águas para a série da HBO. A adaptação do aclamado jogo da Naughty Dog enfrentará desafios significativos ao levar para a tela os eventos de The Last of Us Part II, um jogo que gerou admiração e controvérsia em igual medida. Entre mudanças na narrativa, a introdução de novos personagens e a complexidade emocional da trama, os bastidores da produção revelam tanto a ambição dos criadores quanto as dificuldades enfrentadas pelo elenco.
O impacto do distanciamento entre Joel e Ellie na segunda temporada de The Last of Us
A relação entre Joel e Ellie sempre foi o coração emocional de The Last of Us. No entanto, na segunda temporada, essa dinâmica muda drasticamente. Pedro Pascal e Bella Ramsey compartilharam como essa separação afetou não apenas seus personagens, mas também a experiência de filmagem.
Pascal descreveu essa distância como algo “doloroso”, enquanto Ramsey destacou como essa nova fase representa o crescimento de Ellie. “Me e Pedro estávamos juntos literalmente o tempo todo na primeira temporada. Esta temporada foi muito mais isolada para Ellie. Foi uma experiência mais solitária, mas não digo isso de forma negativa”, afirmou Bella.
A série busca retratar fielmente os conflitos e desafios da sequência do jogo, e esse distanciamento entre os protagonistas é um dos principais elementos que impulsionam a narrativa.
As mudanças na adaptação e a recepção dos fãs
Desde sua estreia, The Last of Us conquistou tanto o público quanto a crítica, tornando-se uma das adaptações mais bem-sucedidas de um videogame. No entanto, a segunda temporada enfrenta desafios maiores, especialmente pela forma como a história de Part II mexe com as expectativas dos fãs.
Craig Mazin e Neil Druckmann precisaram tomar decisões difíceis, incluindo a redução da violência e ajustes em alguns personagens, como Abby. No jogo, a personagem é extremamente musculosa, algo que não foi replicado da mesma forma na série. Druckmann explicou que essa mudança ocorreu porque a necessidade de uma Abby fisicamente imponente era menos crucial na adaptação televisiva.
Ainda assim, qualquer alteração pode gerar debates acalorados. A recepção inicial de The Last of Us Part II foi marcada por controvérsias e até ataques online contra os desenvolvedores. Agora, a série da HBO precisa equilibrar fidelidade ao material original e novas abordagens para conquistar tanto os fãs antigos quanto o público que não jogou o game.
A parceria entre Mazin e Druckmann na construção da série
A colaboração entre Craig Mazin e Neil Druckmann foi essencial para o sucesso da adaptação. Desde o início, os dois criaram uma relação de confiança que permitiu mudanças ousadas na história.
Quando Mazin visitou os escritórios da Naughty Dog pela primeira vez, Druckmann não perdeu tempo mostrando a ele uma cena de The Last of Us Part II, antes mesmo de o jogo ser lançado. Esse momento selou o compromisso dos dois em levar a história para a TV sem comprometer sua essência.
Mazin, conhecido por seu trabalho em Chernobyl, enfatizou que não queria simplesmente repetir o que funcionou na primeira temporada. “As pessoas dizem: ‘Nós amamos isso, queremos mais!’, mas não é assim que funciona. Se fizermos mais do mesmo, perde a magia. The Last of Us não é para ser confortável.”
As dificuldades da produção da segunda temporada
A produção da segunda temporada foi um grande desafio. Filmada majoritariamente na Colúmbia Britânica, a série exigiu bastante do elenco e da equipe. Bella Ramsey, por exemplo, passou por cenas emocionalmente intensas e revelou sua preocupação em não estar satisfeita com sua própria performance.
Antes das cenas mais sombrias, Bella adotava uma estratégia inusitada para aliviar a tensão: ouvir repetidamente Peanut Butter Jelly Time. “Eu estava no chão, meus olhos ardendo com lágrimas mentoladas, cantando ‘Peanut Butter Jelllll-y’”, contou Ramsey.
Além das dificuldades físicas e emocionais, a série ainda precisa lidar com as expectativas do público, especialmente em relação a um dos maiores acontecimentos da história, que promete impactar profundamente os fãs.
Expansão da narrativa e novos personagens
Uma das principais diferenças da série em relação ao jogo está na expansão de certos personagens. Eugene, por exemplo, que é apenas mencionado no jogo, ganhará mais destaque na série, interpretado por Joe Pantoliano.
Esse tipo de abordagem já foi utilizada na primeira temporada, como no episódio de Bill e Frank, e serve para aprofundar ainda mais o universo da série. Druckmann explicou que essa foi uma oportunidade para dar mais peso à relação entre Joel e Ellie: “A história que contamos no jogo era mais superficial. A forma como esse personagem entra na trama realmente toca no coração da relação entre Joel e Ellie.”
O futuro de The Last of Us na TV e nos games
Com a segunda temporada prestes a estrear em 13 de abril, uma das grandes questões é quantas temporadas serão necessárias para adaptar The Last of Us Part II. Mazin e Druckmann já deixaram claro que a história será contada em mais de uma temporada, mas ainda não decidiram quantas serão.
Além disso, o possível desenvolvimento de The Last of Us Part III ainda é um mistério. Druckmann não descarta a possibilidade de um novo jogo, mas avisa: “Não apostem que haverá mais The Last of Us. Isso pode ser tudo.”
Independente do futuro da franquia, Mazin e Druckmann continuam focados em entregar uma adaptação impactante. “Tenho medo de pensar em como vamos superar isso na próxima temporada”, disse Mazin. “Mas lembro que senti o mesmo quando terminamos a primeira.”
Com uma base de fãs apaixonada e uma equipe dedicada, The Last of Us segue sendo uma das produções mais ambiciosas da atualidade.