*O texto a seguir reflete a opinião do autor.
Aliando-se à HBO, Neil Druckmann iniciou uma difícil missão de adaptar a sua cocriação para a televisão, ao mesmo tempo em que tem o desafio pessoal e profissional de estrear com o pé direito nessa outra mídia. As fotos registradas nos bastidores da série de The Last of Us antecipam o que possa resultar em uma fidelidade satisfatória do show com o jogo da Naughty Dog. Mas até que ponto isso pode ser possível e benéfico?
Se você teme por essa adaptação para a TV, por receio de que possam “estragar” a história, não sendo fiel a que conhecemos, é importante ressaltar que o que funcionou no jogo, pode não funcionar no live action. Nesses impasses, por se tratar de uma adaptação, é um dever ser ainda mais original.
Neil Druckmann e Craig Mazin são notórios escritores de mão cheia, The Last of Us e Chernobyl são a prova disso. Além de produtores executivos do show, eles mostram pensar fora da caixa. Em The Last of Us Part II, Druckmann ousou ao introduzir como uma das protagonistas, uma personagem mulher muito à margem, fora de todos os padrões que muitos não esperavam controlar em um jogo. O resultado disso? O bônus e um amargo sabor de críticas negativas. Talvez mais por ser humana demais do que por ter eliminado um personagem veterano e querido, Abby não tenha sido aceita por uma parcela dos jogadores.
Mazin levou com maestria para a ficção a história real do pior acidente nuclear do mundo, lhe rendendo dois prêmios Primetime Emmy, incluindo Melhor Escrita. Os dois escritores estão em seus melhores momentos, e essa parceria com um dos maiores canais de televisão por assinatura do mundo, de propriedade da WarnerMedia, com um orçamento milionário, os permitirá usufruir de tudo o que suas imaginações quiserem aplicar no enredo.
Em entrevistas anteriores, ambos disseram que não iriam alterar a história original e sim expandí-la. A adição do inédito personagem Perry, interpretado por Jeffrey Pierce, antecipa novidades. Recentemente o ator, e também escritor, revelou ter lido alguns dos roteiros da série e disse que eles são de tirar o fôlego, que capturam a essência de Joel e Ellie e é como se Druckmann e Mazin estivessem fazendo um trabalho incrível de tradução, “o que foi eficaz em um jogo realmente cinematográfico”. “Uma obra-prima que mal posso esperar para assistí-la.” classificou, Pierce.
O distanciamento do enredo da obra original da PlayStation, permite-os criar e recriar acontecimentos importantes da história, nos proporcionando supresas agradáveis ou desagradáveis. The Last of Us nunca foi um jogo de final feliz ou de momentos em que o jogador pudesse ficar satisfeito com o que aconteceria.
Quanto á detalhes estéticos, como camiseta vermelha ou camisa xadrez dos personagens, por exemplo, Druckmann comentou que essas são as coisas menos importantes, que o mais importante são suas personalidades, a história de suas aventuras. “Às vezes, há uma semelhança quase completa: é muito engraçado ver linhas de diálogo de um jogo em um script. Mas às vezes as diferenças são grandes, mas isso só é benéfico: trabalhamos em um ambiente diferente onde você não precisa de muita ação, não precisa treinar o jogador. A série mudou de ação hardcore para drama. E meus episódios favoritos são aqueles em que o enredo mais se desvia do original ”, disse.
Por outro, a ambientação promete ser muito familiar. De easter eggs específicos como os pôsteres de Dawn of the Wolf, Curtis and Viper, girafas e outros objetos que encontramos no jogo, essas referências parecem ser indipensáveis para espiritualizar os cenários das filmagens.
Não tenha dúvidas de que essa será uma adaptação que vai dar orgulho aos fãs da franquia. Mas se prepare para ver muitas coisas novas. Os defechos de acontecimentos que marcaram as nossas jogatinas podem não ser exatamente iguais ao game, assim como os novos eventos envolvendo os personagens. No entanto, The Last of Us HBO certamente vai entregar tudo o que ansiamos.