Neil Druckmann, cocriador da franquia The Last of Us, confirmou em entrevista ao canal Last Stand Media no YouTube que, dentro da lógica da narrativa original, os Vaga-lumes realmente poderiam ter criado uma cura se tivessem operado Ellie. Embora a possibilidade já fosse sugerida desde o primeiro jogo, a falta de informações mais robustas sobre a viabilidade científica da cirurgia deixou espaço para debates entre os fãs ao longo dos anos.
Na conversa, Druckmann reconheceu a fragilidade da construção científica por trás da trama:
“A pergunta era: ‘os Vaga-lumes poderiam fazer uma cura?’ E a nossa intenção era: sim, eles poderiam. Naquele momento, sim. ‘A nossa ciência era um pouco frágil?! Agora as pessoas estão começando a questionar isso?!’ Sim, era um pouco frágil. E agora estão questionando mesmo.”
Essa declaração joga luz sobre um dos pontos mais debatidos da história: a decisão de Joel em impedir a cirurgia e matar os médicos. Segundo Druckmann, a intenção sempre foi deixar claro que uma cura era possível, o que apenas intensifica o dilema moral apresentado. “Tudo o que posso dizer é que a nossa intenção era que eles teriam conseguido fazer uma cura. E isso é o que torna a decisão do Joel a mais interessante questão filosófica.”
A temática voltou com força no sexto episódio da segunda temporada da série da HBO, intitulado The Price. Escrito e dirigido pelo próprio Druckmann, o capítulo apresenta uma cena inspirada diretamente do jogo em que Ellie (Bella Ramsey) confronta Joel (Pedro Pascal) na varanda após descobrir a verdade sobre o que aconteceu no hospital dos Vaga-lumes. Quando pergunta se eles poderiam ter feito uma cura, Joel apenas balança a cabeça em silêncio, confirmando com um gesto o que já não podia mais ser escondido.
Embora a série mantenha a complexidade moral que marcou o jogo, essa escolha narrativa reforça a visão dos criadores sobre a gravidade da decisão de Joel. O gesto sutil, aliado à confirmação de Druckmann, serve como resposta tardia, mas definitiva, à questão que permeia o universo da obra: a cura era possível — e foi negada.
Dessa forma, a fala de Druckmann não apenas esclarece uma dúvida recorrente dos fãs, como também reforça a natureza trágica do destino de Ellie. Com a confirmação de que a cirurgia poderia, sim, ter resultado em uma cura, o peso da escolha de Joel se torna ainda mais carregado de implicações éticas — e filosóficas — que continuam a reverberar dentro da história e fora dela.