Craig Mazin: The Last of Us é minha última adaptação de videogame

Craig Mazin, showrunner e corroteirista da série The Last of Us, da HBO, afirmou que não pretende escrever outra adaptação de videogame após concluir seu trabalho na série. A declaração foi feita em entrevista à revista SciFiNow, durante uma conversa que também abordou as possibilidades de novas adaptações e os desafios do gênero.

“Bom, eu nunca vou fazer isso, é claro, porque para onde você pode ir depois daqui?”, disse Mazin, ao ser questionado sobre qual outro jogo gostaria de adaptar. Em tom de brincadeira, ele comentou: “Mas, ah, cara, estou tentado a dizer Grand Theft Auto IV porque sou masoquista e acho que isso daria tipo 19 temporadas de TV! Haha. Mas então, parte de mim pensa: ‘ah, não, não faça isso. Faça outra coisa. Isso quase não tem história. Vai em frente e tenta fazer Candy Crush…!’”

Apesar de descartar o papel de roteirista em futuros projetos do tipo, Mazin não se opõe a colaborar nos bastidores: “Estou animado para assistir ao que outras pessoas vão fazer, mesmo que eu ajude. Não tenho problema em ser um ajudante. Adoraria ajudar a produzir boas adaptações de videogames — tenho alguns em mente. Mas no que diz respeito a escrever e me dedicar no dia a dia… essa aqui é minha despedida dos videogames.”

Críticas a Mazin

Essa decisão de Mazin acontece em um momento em que a segunda temporada de The Last of Us, que terminou com sete episódios, tem enfrentado críticas de parte da base de fãs. Muitas dessas críticas vêm de jogadores de The Last of Us Part II, que apontam mudanças significativas na adaptação da história, especialmente no desenvolvimento da personagem Ellie, interpretada por Bella Ramsey. Entre os principais questionamentos está a ideia de que a série teria “emburrecido” Ellie ou diluído seu senso de ódio e vingança, aspectos centrais no jogo original.

As críticas se intensificaram após declarações de Mazin no podcast oficial da HBO. Comentando sobre Abby, interpretada por Kaitlyn Dever, ele disse: “Se você procurar o diabo, o diabo vai te encontrar. E Abby, ao que parece, não é como a Ellie — no sentido de que Abby é incrivelmente competente.” A fala gerou forte reação nas redes sociais, com fãs acusando o roteirista de chamar Ellie de incompetente. Muitos responderam com imagens do jogo e da primeira temporada da série, destacando momentos em que Ellie demonstra sua habilidade, coragem e iniciativa. Na própria série, Dina (Isabela Merced) brinca com a ideia de que Ellie não é burra, apenas “com pouco estudo”.

No mesmo episódio do podcast, Mazin aprofundou sua análise da cena do teatro, destacando a precisão de Abby: “Quando Abby aparece no teatro, ela não comete erros. Ela rende Tommy, fazendo dele um refém. Ela atira em Jesse no exato momento em que ele sai pela porta. Ela está no controle total da situação.”

A Ellie da segunda temporada na sua visão

Sobre Ellie, o roteirista pontua uma transformação emocional importante no momento do confronto entre as duas personagens: “É uma atuação belíssima de Kaitlyn Dever e Bella Ramsey aqui, especialmente porque agora conseguimos ver, em Ellie, que todo o desejo que ela tinha de punir, finalmente se foi — pelo menos por enquanto — porque ela já perdeu pessoas demais.”

Ele completa dizendo: “Ela perdeu o bebê que Mel carregava, quem quer que fosse. Acabou. Ela foi a responsável por essas mortes. Ela causou a morte de Mel. Ela causou a morte de Jesse. Ela não consegue suportar a ideia de ver Tommy ser morto. Ou, Deus a ajude, Dina — que está em algum lugar lá no fundo do teatro.”

A declaração de Mazin de que The Last of Us será sua “despedida dos videogames” pode refletir não só um sentimento de conclusão artística, como também uma resposta ao desgaste emocional e à complexidade de adaptar um material tão amado e polêmico. Enquanto a série segue seu curso rumo à terceira temporada, as reações continuam divididas entre os que valorizam a ousadia narrativa e os que preferiam mais fidelidade ao jogo.

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