Em um cenário onde a arte imita a vida e a dor se transforma em força, a atuação de Kaitlyn Dever como Abby na segunda temporada de The Last of Us tem sido um dos temas mais debatidos e elogiados do ano. Apesar de não ter levado para casa o Emmy de Melhor Atriz Convidada em Série de Drama em 2025, que premia especialmente categorias secundárias, sua performance profunda e cheia de nuances já a consolida como uma das atrizes mais promissoras de sua geração.
Infelizmente, a categoria foi vencida por Merritt Wever, de Severance (Ruptura). Catherine O’Hara, que interpretou Gail, a psicóloga de The Last of Us, também concorria na mesma categoria, demonstrando a forte concorrência. Durante a cerimônia dos Creative Arts Emmys, um momento tocante foi registrado: a irmã de Kaitlyn segurando sua mão, oferecendo um conforto silencioso em meio à expectativa e, por fim, à decepção.
Um desempenho louvável e a dor pessoal
Desde o anúncio de seu escalonamento para o papel complexo e frequentemente controverso de Abby, Dever já havia gerado grande expectativa. Sua capacidade de mergulhar em personagens desafiadores é amplamente conhecida, e a expectativa era que ela trouxesse uma nova dimensão a uma figura tão central na narrativa de The Last of Us Part II. O que o público não sabia, entretanto, era a profundidade da luta pessoal que Dever enfrentava nos bastidores.
Sua jornada na série da HBO foi pavimentada por um caminho de desafios pessoais, culminando na trágica perda de sua mãe durante a produção, um evento que, de forma comovente, acabou por infundir ainda mais humanidade em sua interpretação.
Conforme revelado em uma entrevista à Empire, a atriz vivenciou a perda de sua mãe em um período crítico da produção. “Minha mãe faleceu bem no meio de ir e voltar de Los Angeles para Vancouver”, compartilhou Dever. “Foi uma época muito difícil para mim. Tive que filmar meu primeiro dia de set três dias depois do funeral da minha mãe. Eu pensei: ‘Como vou conseguir fazer isso?'” Esta confissão chocou muitos, ao mesmo tempo em que trouxe uma nova perspectiva sobre a resiliência da atriz.
Apesar da dor avassaladora, Dever encontrou motivação para continuar, impulsionada pelo amor e pelo apoio inabalável de sua mãe. “Eu precisava fazer isso por minha mãe, que estava tão feliz por eu ter conseguido esse papel”, revelou ela. É, portanto, impossível dissociar a força e a vulnerabilidade que ela trouxe para Abby de sua própria experiência de luto. Para Dever, embora fosse o momento mais difícil de sua vida, ela estava, ao mesmo tempo, vivendo seu “trabalho dos sonhos”. A atriz expressou imensa gratidão pelo suporte da equipe de produção, liderada por Craig Mazin, que demonstrou uma empatia notável. “Não posso nem dizer o quanto me senti cuidada. Craig e todos da equipe me trataram com muita empatia.”
Uma conexão prévia e novos desafios
A familiaridade de Kaitlyn com o universo da Naughty Dog não é novidade. A atriz já havia colaborado com Neil Druckmann, diretor da série e dos jogos, em Uncharted 4, onde emprestou sua voz e realizou a captura de movimento para a filha de Nathan Drake. Essa experiência anterior, sem dúvida, preparou-a para a intensidade e as exigências físicas e emocionais de The Last of Us. No entanto, o papel de Abby representou um novo patamar de desafios, exigindo uma transformação física e psicológica significativa.
Ainda assim, a bagagem de Dever em Uncharted 4 certamente facilitou sua adaptação ao processo de gravação e à visão criativa de Druckmann. Essa sintonia prévia pode ter sido um fator crucial para a escolha de Dever para um papel tão divisivo, mas fundamental para a história.
Olhando para o futuro, o papel de Kaitlyn Dever como Abby está longe de terminar. Ela será a protagonista da aguardada terceira temporada, com estreia prevista para 2027. A nova temporada mergulhará profundamente nos dias de Abby em Seattle, conforme retratado no jogo The Last of Us Part II. O público terá a chance de ver a complexidade de Abby, suas motivações e suas relações, em uma expansão narrativa que promete ser tão intensa quanto as anteriores. Com a base sólida de sua atuação na segunda temporada e a profundidade de sua experiência pessoal, Dever está preparada para entregar uma performance que, sem dúvida, definirá a personagem para uma nova geração de fãs.
O desempenho da série na aclamada premiação
Ainda que a vitória pessoal do Emmy não tenha vindo, a série teve seu reconhecimento. O episódio “Through the Valley”, o segundo da 2ª temporada, conquistou o Emmy de ‘Melhor Edição de Som para Série’, um testemunho da qualidade técnica e artística da produção.
— ؘ (@TLOUonline) April 21, 2025
Kaitlyn Dever não “perdeu” o Emmy, ela o transcendou, transformando sua dor em arte e conquistando um lugar cativo nos corações do público e da crítica. Sua jornada é um lembrete poderoso de que a verdadeira vitória reside na autenticidade e na capacidade de transformar os desafios da vida em uma força motriz para a grandeza.
A cerimônia das categorias principais do Emmy 2025 acontecerá no próximo domingo, 14 de setembro, e será a vez de Pedro Pascal (Joel), Bella Ramsey (Ellie) e a própria adaptação tentarem garantir uma estatueta. Ramsey e Pascal concorrem a Melhor Atriz e Melhor Ator, respectivamente, enquanto a produção disputa o prêmio de Melhor Série de Drama.
